segunda-feira, 6 de maio de 2013

Dia 1 - a dureza da vida real

Ontem eu resolvi que não adiaria mais meu projeto Melhor aos 40 do que aos 20, então hoje de manhã pulei da cama quando Thomas acordou e não fiquei pensando muito no frio, na preguiça, nas cobertas quentinhas...
Pulei da cama, me troquei e fui para a esteira, toda paramentada, com tênis, monitor cardíaco, iphone com trilha sonora para corrida.

Na empolgação de ontem tinha baixado um aplicativo para corrida e lá fui eu, crente que sou gente, tentar acompanhar o treino proposto, de apenas 20 minutos intercalando corrida e caminhada.
Comecei muito bem, me achando A atleta e já pensando em partir para o nível intermediário.
Aos 8 minutos quase tive um troço, o coração disparou e ardeu, comecei a suar loucamente, fiquei tonta e caí na real: estou completamente sem condicionamento físico, tenho que pegar leve e virar gente grande aos poucos.

Quando consegui voltar a respirar normalmente, voltei para a esteira em ritmo mais razoável, uma caminhada rápida.
Não é fácil prestar atenção no exercício, postura, respiração, ritmo e ainda ter que olhar um menininho irriquieto de 4 anos que não para de falar um minuto.
Se por um lado eu tenho a felicidade de ter uma boa esteira em casa, que torna o exercício acessível a qualquer momento, por outro tenho que dividir o foco com o pequeno, o que me tira completamente a concentração.
Admito que fiquei frustrada.
Gostaria de ter esse momento só para mim, mas a minha realidade é essa e é com ela que tenho que aprender a conviver.
Nada de situações artificiais, quero mudar de vida sem mudar a vida....

A vontade de desistir aos 20 minutos foi enormeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee, pela minha cabeça passavam mil justificativas para parar por ali mesmo, mas entrei em uma briga interna comigo mesma e venci, me desafiando a mais um minuto, mais um minuto, mais um, só mais um...rsrsrssr
Cheguei aos 30 minutos que tinha me proposto a fazer nesse primeiro dia.
Dois quilômetros percorridos.

Saí da esteira suada, cansada, mas com uma sensação gostosa de dever cumprido, de ter conseguido vencer a primeira batalha.

Tomei banho, lavei meu cabelo e parti para a segunda etapa dessa mudança de rotina: tirar tempo para cuidar de mim, passar meus cremes no rosto, me proteger do sol.
Não é falta de creme: há vários meses gastei um bom dinheiro com uma linha completa de cremes para o dia e para a noite, mas quem disse que eu me disciplino a usar? 
Pois hoje eu passei todos, um a um, na ordem certa, esperando o tempo certo, fazendo a massagem certa.
Eu mereço me cuidar, quem convive comigo merece isso.

Está quase na hora do almoço e estou me sentindo bem, animada, feliz, bonita.

E vamos em frente!


Hora de começar

Estou chegando aos 40.
Faltam 11 meses.

Desde a adolescência brigo com a balança.
Já fiz todas, absolutamente todas, as dietas que se pode imaginar, das mais racionais, com acompanhamento de nutricionista e exercício físico, às mais loucas e radicais: da lua, da sopa, do shake, do abacaxi, do signo, da melancia, do tipo sanguíneo, Beverly Hills, Atkins, Dukan, Adriane Galisteu,  Vigilantes do Peso, da minhoca (sim, eu já comi minhoca...).
Já tomei Inibex, Hipofagin, Fenproporex, hormônio da tireóide, laxante, Centella Asiática, Sibutramina, isso sem mencionar as fórmulas "mágicas" que nem Deus sabe o que continham... 
Já fui parar no hospital com taquicardia depois de uma delas, arrumei e desarrumei gavetas de madrugada porque ficava "ligadona", totalmente sem sono...
Já fiz Kiberon, estimulação elétrica, bandagem fria, ultrassom, acupuntura, injeção de enzima, massagem redutora, lipoaspiração (que, verdade seja dita, me deu uma proporção de corpo que antes eu não tinha por causa dos culotes. Mesmo engordando depois, aquela desproporção não voltou).

Como dá para perceber, eu já tentei de tudo para chegar onde queria.
A gente sempre procura caminhos fáceis e fórmulas mágicas...

Claro que obtive sucesso com algumas delas, mas nunca consegui me estabilizar, sempre voltava ao peso anterior.

Nunca fui gorda. Goooooooorda, no sentido popular da palavra.
Sou gordinha, tenho curvas, tenho uns pneuzinhos aqui e ali mas, falando em termos médicos, sempre estive na faixa do sobrepeso, nunca cheguei à obesidade.
Sou baixinha, 1,54m, pouco busto, cintura fina e quadril largo. A típica brasileira, corpo violão.

Sempre fui bem resolvida com minha sensualidade. 
Se nunca fui a mais gostosa da escola, a que tinha o corpo mais perfeito, por outro lado sempre tive todos os carinhas que eu quis. To-dos.
Charme não tem nada a ver com peso e nesse quesito eu me garantia.
Fui muito, muito namoradeira...

Como em todas as baixinhas,  qualquer grama a mais estaciona nos quadris e parece que você engordou uma tonelada. 
Exageros à parte, engordar (e parecer mais gorda) é bem mais fácil nas baixinhas.
Minha família materna tem origem na Síria. 
Minha avó e a irmã dela sempre foram gordinhas... tenho alguns genes contra mim.

Se tem um defeito que assumo sem medo é o de que sou preguiçosa. Fisicamente preguiçosa, quero dizer.
Morro de preguiça de malhar, ODEIO suar, a perspectiva de levantar da cama e fazer exercicio me mata de preguiça.
Fora o hipismo, que comecei a fazer cedo e só parei aos 18 anos, nunca me fixei por muito tempo em nenhum tipo de atividade física. Sempre começava no maior pique mas desistia pouco tempo depois.
Se parei de montar aos 18, tenho quase 20 anos nas costas de inatividade convicta.

Nesse meio tempo, me apaixonei algumas vezes, casei duas vezes, tive um filho (e, surpreendentemente, na gravidez só engordei 15kg , que perdi sem problemas em menos de um mês), mudei de cidade 5 vezes, de casa 11 vezes, de trabalho, de objetivos...
Passei fases boas, fases muito ruins, fases "mornas", dormentes, das quais nem me lembro direito, é como se não tivessem acontecido, fossem um sonho ou a vida de outra pessoa...
Um desgaste precoce de articulação do quadril me causa dores frequentes. 
Eu sei que preciso reforçar a musculatura de coxas e bumbum para que ela consiga estabilizar essa articulação. O futuro é bastante sombrio se eu não me cuidar agora, posso acabar em uma cadeira de rodas nos próximos dez anos. 

Minha alimentação nunca foi péssima.
Não sou formiga, doida por doces. Gosto muito de frutas, de saladas, de preparações "comportadas" como os grelhados e assados.
Claro que adoro batata frita, sou gente, mas me contento em comer de vez em nunca, quando vou ao shopping.
Na cidade onde eu moro não tem shopping.... rsrsrs


Aí você vai me perguntar: mas se come bem, porque você engorda?
Hoje, depois de me auto-analisar (não tenho um pingo de paciência para terapia), de fazer as pazes comigo e com meus fantasmas, eu sei que a resposta está na ansiedade.
Sou ansiosa ao cubo, sofro por antecipação... insegura, carente, enfim, tenho uma série de dificuldades em me relacionar com o mundo e desconto tudo na comida.
Não como um prato gigante, mas belisco o dia inteiro em momentos de muita tensão.
Quando o  bicho pega de verdade, aí sim, como doce pra valer. 
A resposta do meu corpo é uma mega hipoglicemia reativa, com sono incontrolável... e depois vem mais culpa, mais tristeza, mais frustração por não ser mais forte do que o impulso de me auto sabotar.

Hoje sou absurdamente feliz no amor, tenho reconhecimento nacional com o meu trabalho, a fase de "dureza" total de grana passou, era para estar tudo bem, certo? Errado.
Continuo ansiosa, continuo "descontando" na comida questões que deveria resolver de outra forma.

De caloria em caloria, cheguei onde cheguei, com 66 quilos, vestindo 44 e não muito feliz comigo mesma, achando que posso melhorar para aguentar o tranco dos anos que vem pela frente.
Meu filho tem só 4 anos, ainda vai exigir de mim um bom tempo de dedicação, então é melhor que eu esteja bem para segurar esse rojão e ser a companheira que ele merece ter nessa jornada da vida.
Meu marido é maravilhoso, o amor da minha vida, razão de cada um dos meus dias e um grande parceiro em tudo que decido fazer. 
Embora me encha de elogios todos os dias, quero que ele tenha uma mulher mais saudável e segura de si, para que possamos curtir muito a vida juntos.

Tenho visto amigas emagrecendo, mudando os hábitos, transformando seus corpos e suas vidas.
Claro que eu não acho que é apenas uma questão de "tomar vergonha".
Quem é gordinho sabe muito bem o significado de vergonha. Eu sei muuuuito bem.

É questão de chegar a hora. E cada um tem sua hora.
Tem que rolar o "click" que vai te fazer decidir realmente mudar.
Cada um sabe o que faz de errado. Com a quantidade de informações disponível hoje, é perfeitamente claro para todo mundo o que se deve ou não fazer para ser mais saudável.
É perfeitamente claro que a obesidade faz mal para a saúde, assim como o cigarro e o sedentarismo. 
Aliás, se o cidadão é gordo, sedentário e fuma, é bom fazer um carnê-funeral, porque é questão de tempo para a bomba relógio explodir.

Tem que rolar o click.
Você tem que querer de verdade passar pelos obstáculos, sair da sua zona de conforto, mudar os hábitos, vencer a preguiça, encontrar o equilíbrio.
Você tem que estar bem, centrado no objetivo, para que não seja mais uma tentativa frustrada.
As questões emocionais que te impedem de prosseguir tem que ser resolvidas, senão o projeto não vai para frente.

Se o foco e o objetivo não estiverem fortes e claros, qualquer desculpa será suficiente para desistir.

A minha hora chegou.
Decidi que não vou mais adiar, que não será na semana que vem, no mês que vem, depois da viagem, depois que a cistite passar... vai ser hoje.

Esse blog será meu diário.
Nem sei se alguém vai ler o que estou escrevendo, mas colocar as coisas aqui de forma clara vai me ajudar a fugir das desculpas, a manter o foco no meu objetivo: chegar aos 40 anos pesando 55 quilos e com muito mais força muscular, disposição e saúde do que tenho hoje.

Não quero ficar magrela, esquelética, vestindo 36 e com cara de morta viva.
Minha natureza não é essa, meu corpo não é assim e estou embarcando nessa viagem para me amar e respeitar mais, não para exigir de mim ser algo que não sou.
Quero beleza sim, mas não a beleza pasteurizadas das revistas, de corpos todos iguais, de uma ditadura que leva meninas à eterna insatisfação com seus próprios corpos, querendo o impossível e pagando um preço muito alto de saúde e nenhuma auto-estima.
Quero a beleza possível, a beleza da minha natureza, a beleza que decorre de estar de bem consigo. Quero a beleza de um corpo forte, saudável e de uma alma feliz e em paz.

Faltam 11 meses. 
O tempo voa, amor.
Move.